Trabalhadores da JBS Forquilhinha e Nova Veneza param atividades para se prevenirem
Trabalhadores pararam as atividades para se protegerem do vírus, indo contra as ordens da empresa e enfrentando ação truculenta da polícia
Publicado: 19 Março, 2020 - 15h44 | Última modificação: 19 Março, 2020 - 16h21
Escrito por: CUT-SC
Preocupadas com a pandemia do coronavírus, os trabalhadores e trabalhadoras da Seara/JBS de Forquilhinha e Nova Veneza decidiram parar as atividades por conta própria. Na noite desta quarta-feira (18), os trabalhadores entraram no turno das 22h30 para trabalhar e às 23h30, quando saíram para jantar, decidiram ir embora para zelar pela saúde. O mesmo aconteceu com os turnos da manhã e da tarde desta quinta-feira (19), quando somente cerca de 20% dos trabalhadores vieram para a empresa. As duas unidades da empresa estão localizados no Sul de Santa Catarina – única região que até o momento foi detectada transmissão comunitária do coronavírus.
Na madrugada desta quinta-feira (19) houve confronto com a polícia. Após a JBS descumprir o decreto estadual emitido na quarta-feira, que proibia a circulação de ônibus, e transportar os funcionários do turno das 3h30 em um ônibus fretado, os trabalhadores se recusaram a entrar na empresa. Os policiais chegaram com ordens de acabar com a aglomeração dos trabalhadores dos dois turnos que estavam no pátio da empresa, usando gás de pimenta durante a ação. A Direção do Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação de Criciúma e Região (Sintiacr) acompanhou a situação, interviu a favor dos trabalhadores e o diretor do Sindicato, Célio Elias, foi detido durante o conflito, mas já está liberado.
“Nós estamos reivindicando a redução da produção para diminuir o número de trabalhadores dentro da empresa e o risco da contaminação do coronavírus, porque existe um contingente de 600 pessoas dentro da sala de corte. A empresa descumpriu o decreto inicial da proibição da circulação de transporte e depois o governo alterou o documento a pedido da JBS. A nossa luta é pela proteção da vida desses trabalhadores e da família deles”, esclareceu Célio. O dirigente explicou ainda que o ambiente de trabalho dentro do abatedouro é confinado, com ar artificial – condições que já não ideais em dias comuns – agora, com o alastramento do coronavírus, a situação é ainda mais perigosa para os trabalhadores.
Agora, o Sindicato continuará cobrando da empresa a diminuição da produção e o cumprimento das normas de segurança no combate ao coronavírus.