Escrito por: Assessoria de Comunicação - Sintrasem
O sábado de feriado de 21 de abril ficou marcado na capital catarinense como mais um dia que o prefeito Gean Loureiro (MDB) aprovou na marra, sem diálogo com a população, projetos de seu interesse.
Com escolta policial aos vereadores do prefeito, mais spray de pimenta e bomba de efeito moral aos manifestantes contrários ao Projeto de Lei 17.484/2018, que libera as Organizações Sociais no serviço público de Florianópolis, o sábado de feriado de 21 de abril ficou marcado na capital catarinense como mais um dia que o prefeito Gean Loureiro (MDB) aprovou na marra, sem diálogo com a população, projetos de seu interesse.
A inconfidência mané - Com uma semana intensa de mobilizações e atos nas comunidades, a apreciação do projeto em plenário foi alterado por duas vezes. Mas foi no sábado, feriado nacional, que os vereadores do prefeito decidiram fazer à votação. Mesmo com dois grandes eventos na cidade, o aparato policial reservado para o ato dos trabalhadores foi grandioso. Cavalaria, tropa de choque, elite da policia militar cercaram o prédio e ocuparam salas dentro da casa legislativa. Os 16, dos 23 vereadores que optaram em não dialogar com o povo e obedecer o prefeito, se concentraram no Batalhão da Polícia Militar e chegaram na Câmara de Vereadores por uma rua contramão, pela porta dos fundos e sob escolta da polícia.
Com todo o tumulto, a polícia rendeu um dos manifestantes e só o liberou uma hora depois do conflito. João Thomaz, trabalhador da Comcap estava dentro da Câmara de Vereadores e foi rendido pelos policiais, que só o liberaram com uma negociação com os advogados e com a pressão das ruas que disseram que só sairiam dali com a liberdade do trabalhador.
A greve e reação dos trabalhadores - Investindo pesado na liberação das organizações sociais, Gean Loureiro gastou milhões com propaganda para pedir o voto favorável dos vereadores com alegação que depende das organizações sociais para abrir unidades de saúde e centro de educação infantil. Imediatamente respondido pelos trabalhadores do serviço público municipal de Florianópolis, no dia 11/4 a categoria aprovou greve até a retirada do PL das OS.
A greve que envolve cerca de 70% da categoria tem mantido apenas os serviços emergenciais de atendimento. Grande parte dos postos de saúde, escolas municipais, centros de educação infantil, CRAS, atendimento nas secretarias estão interrompidos. Desde a decisão da greve o Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal de Florianópolis – Sintrasem, tem sofrido ataques que querem impedir a organização dos trabalhadores.
No mesmo dia que a categoria entrou em greve, o vereador Bruno Souza do MBL (PSB) entrou com pedido de CPI contra o sindicato alegando que a entidade utiliza dinheiro público para fins políticos. Uma investigação atravessada, pois o sindicato sobrevive unicamente da mensalidade dos trabalhadores e não recebe dinheiro público.
No quinto dia de greve foi a vez da justiça decretar ilegalidade do movimento. Com multa de 100 mil reais diários e pedido de retorno de 100% ao trabalho, o desembargador Hélio do Valle Pereira, da Vara da Fazenda Pública da capital, acatou o pedido da Prefeitura e, mesmo sendo desrespeitado pelo prefeito na sua orientação de debate do projeto, o desembargador se posicionou contrário aos trabalhadores.
Além disso, a prefeitura agora ataca individualmente cada diretor sindical, com pedido protocolado na última sexta-feira, Gean quer penalizar cada dirigente com multa de 10 salários mínimos por dia, se a categoria decidir a continuidade da greve.
Para Renê Munaro, presidente do Sintrasem, a tentativa de criminalização não é novidade para a classe trabalhadora e que a categoria vai decidir na próxima segunda (23/4) os rumos do movimento. "Mesmo sob forte repressão policial a categoria permaneceu firme e continua decidida a dar sequência na luta contra as O.S. Na próxima segunda vamos decidir juntos a continuidade dessa luta, que é em defesa do serviço público e que já ultrapassou as fronteiras da nossa categoria e aglutina sindicatos, movimentos populares e juventude da cidade de Florianópolis e de Santa Catarina ”, afirmou Renê.