Escrito por: Sílvia Medeiros
Um ato “Em defesa da vida”, esse foi o nome dado pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Joinville para a manifestação realizada dia 22 de setembro, nos portões de acesso à Tupy
A mobilização lembrou os oito trabalhadores, que ao longo dos 21 anos, morreram enquanto estavam trabalhando na Tupy. O caso mais recente aconteceu no último dia 04 de setembro, em que o forneiro Venicio Rufino de Borba, faleceu, após ser exposto à uma temperatura de 1.300 graus. O trabalhador estava revisando o setor, pois entraria de férias no dia seguinte, quando uma panela que continha metal acabou vazando pelas calhas e Venicio foi atingido pelo calor vindo desse vazamento. Ele ainda foi socorrido, mas devido à gravidade dos ferimentos faleceu no dia seguinte.
“Não vamos deixar a morte do nosso colega de trabalho Venicio Rufino ter sido em vão, não vamos aceitar que a Tupy trate como mais uma morte dentro da empresa, exigimos que a Tupy dê segurança para quem trabalha. É inaceitável uma empresa desse porte, que os trabalhadores entrem com vida para trabalhar e saíam acidentados ou até mortos”, declarou o metalúrgico da Tupy, Nivaldo Sobeiranski, que também é dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos de Joinville.
O Secretário de Formação da CUT-SC, Cleverson de Oliveira, que também é metalúrgico de Joinville, lembrou que a Tupy possui mais de 900 trabalhadores afastados do seu trabalho por problemas de saúde. “Além de um ato em memória ao nosso colega de profissão, esse ato serve como protesto contra os empresários que não investem em segurança do trabalhador. É um protesto contra a inciativa de alguns patrões, em retirar a Norma Regulamentadora número 12, que cobra mais segurança na utilização de máquinas e equipamentos, e, que na semana passada, tentaram derrubar à força no Congresso Nacional”, salientou Cleverson.
Sebastião de Souza Alves, o Tião, trabalhador da Tupy e presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Joinville, destacou que há anos o sindicato tem alertado à empresa dos perigos que os trabalhadores estão expostos. “Em agosto de 2013 entregamos uma pauta que apresentava 56 riscos de acidentes dos trabalhadores da Tupy, destes, apenas três foram atendidos pela empresa, o resultado foi à morte de mais um companheiro”, lamentou Tião.
O presidente do sindicato ressaltou que este ato não é só da categoria dos metalúrgicos, mas da sociedade joinvillense. “Queremos despertar em todos os trabalhadores a importância deles estarem unidos para evitar tragédias como essa, mas também, queremos mostrar aos empresários que jamais ficaremos calados vendo companheiros nossos perdendo à vida em prol de lucros e mais lucros aos patrões”, frisou o metalúrgico.
O sindicato protocolou um pedido de investigação ao Ministério Público, para esclarecer a morte de Venicio Rufino e também para pedir periculosidade à todos os trabalhadores da área de fusão, tanto os forneiros como os vazadores.