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Mais de 100 famílias estão acampadas em área urbana na cidade de São José

Desde a madrugada do dia 07 de novembro as famílias estão morando em barracos, eles lutam por um pedaço de terra.

Publicado: 12 Novembro, 2012 - 20h29

Escrito por: Sílvia Medeiros

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Entre o meio das lonas pretas, crianças correm, brincam e festejam ao encontrar qualquer pedaço de madeira, tudo pra elas é festa! Em frente dos barracos homens e mulheres com uma cuia de chimarrão, conversam e dão testemunho do que já passaram em suas vidas! Em frente ao banheiro improvisado, feito com pedaços de madeiras, uma das mulheres sorridente se exibe e fala orgulhosa que ela ajudou a construir e que agora eles tem até Toilette! São pessoas simples, sem muito estudo e que não tiveram muitas oportunidades na vida, são vítimas de um sistema que cada vez mais as oprime, mas são atores desta história, estão protagonizando um momento de luta, jamais visto em São José, são corajosos/as, são lutadores/as, não são invasores/as, são ocupadores/as de um pedaço de terra, pois quando morar é um privilégio, ocupar é um direito!

Em visita feita pela Coordenação dos Movimentos Sociais – CMS, junto com representantes da CUT-SC e do Movimento dos Sem Terra – MST, na segunda dia 12 de novembro, as famílias pediram apoio, tanto na questão política como na estrutural “Nós além de precisarmos de gente para ficar do nosso lado, precisamos de alimentos, pois muitos de nós aqui não temos um meio de sobrevivência. Eu tive que sair do meu serviço para cuidar do meu barraco, tenho medo que eles venham e destruam novamente, aqui ou você aguenta o serviço ou aguenta por um pedacinho de terra”, destaca um dos moradores da ocupação, que naquele momento ajudava a construir um barraco para uma mulher que vive sozinha com três filhos “Nós nos ajudamos, quem já esta com o barraco pronto, ajuda a fazer o barraco do vizinho”.

Todo esse movimento surgiu de uma atitude desastrosa do atual prefeito de São José, Djalma Berger, que em sua campanha de reeleição, prometeu a desapropriação de um terreno. Com esta promessa diversas famílias ocuparam uma área as margens da Avenida das Torres. Passando um pouco mais de uma semana desta ocupação, no dia 10 de outubro, mais de 200 policiais estiveram no local e com mandato todos/as foram despejados/as, foram derrubados diversos barracos e junto com eles os lares e sonhos de centenas de famílias foram destruídos, sem chance até de tirar o pouco que tinham.

Mas eles/elas se reergueram e depois de ficarem quase 30 dias abrigados/as num Ginásio Municipal, na madrugada do dia 7 de novembro, com o apoio de Movimentos Sociais da região, as famílias ocuparam um terreno com um pouco mais de mil metros quadrados que fica no Bairro José Nitro em São José, a poucos metros do lugar da primeira ocupação.

Agora eles se organizam, já batizaram o movimento de Ocupação do Contestado, o nome é em homenagem aos 100 anos da Guerra do Contestado, uma guerra que aconteceu em Santa Catarina, e assim como eles/elas, lutou contra as propriedades das terras e a favor da justiça social. Na Ocupação do Contestado estão morando mais de 100 famílias, vindas de diferentes lugares, muitas moravam com familiares, outras em áreas de risco e outras pagavam aluguel “Eu morava numa casa de uma peça lá no Bairro Chico Mendes, pagava 300 reais de aluguel e como diarista ganhava 500 reais, tenho três filhos e vivo para sustenta-los. Acho que a gente não tá fazendo nada de errado, estamos lutando por um cantinho para morarmos, todos tem direito, por que a gente não tem?”, indagou uma das mulheres que esta abrigada num dos mais de 70 barracos da Ocupação do Contestado.

Diferentes movimentos sociais ajudam na ocupação, o MST ajuda as famílias na organização política, a Brigada Popular e o Coletivo Anarquista Bandeira Negra auxiliam na organização estrutural, grupos de estudantes universitários, sindicatos e brigadas contribuem para o acampamento. “A nossa visita aqui é para mostrar as famílias que tem o nosso total apoio, somos solidários a esta luta, todos e todas merecem um pedaço de terra e viemos para vivenciar a necessidade deles/as e de alguma forma tentar contribuir”, ressalta Aldoir Kraemer, coordenador da CMS e Secretário de Políticas Sociais da CUT-SC.

Deputados/as Estaduais, liderado pelo Deputado Padre Pedro, se organizam para fazerem uma Audiência Pública, que está prevista para acontecer na segunda, dia 19 de novembro, na Assembleia Legislativa em Florianópolis. As famílias pedem o apoio na doação de alimentos, fraldas descartáveis, panelas e utensílios domésticos. Os movimentos sociais se organizam para pressionar as autoridades responsáveis para que façam a desapropriação do terreno.