Escrito por: Da Assessoria de Comunicação da FECESC, com informações da Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado da Casa Civil de SC.

Governador sanciona lei de reajuste do Piso Salarial Estadual para 2015

Negociação difícil entre trabalhadores e empresários resultou no quinto ano consecutivo de acordo em SC para definição do piso, registrando ganho real

O governador Raimundo Colombo sancionou, nesta quinta-feira, 26, a lei do piso regional para os trabalhadores catarinenses, com reajuste médio de 8,84% em relação ao salário mínimo vigente em 2014. Os valores foram acordados entre os sindicatos dos trabalhadores e dos empregadores, com previsão de pagamento retroativo a 1º de janeiro de 2015. A lei complementar 644/2015 deverá ser publicada no Diário Oficial do Estado desta sexta-feira, 27.

 

De acordo com a lei sancionada, o piso da primeira faixa salarial passou de R$ 835 para R$ 908; o da segunda de R$ 867 para R$ 943; da terceira de R$ 912 para R$ 994; e da quarta de R$ 957 para R$ 1.042. A lei complementar que estabelece o piso regional em Santa Catarina (LC 459/2009) prevê quatro faixas salariais, conforme relação abaixo. Todos os anos, o reajuste é definido pelos próprios sindicatos que encaminham a proposta para o Governo do Estado enviar projeto de lei à Assembleia Legislativa.

 

Negociação que definiu reajuste para 2015 foi difícil

 

Os representantes do Dieese, Centrais Sindicais e Federações dos Trabalhadores estiveram na FIESC no dia 13 de outubro de 2014 para fazerem a entrega da pauta de reivindicações e, assim, darem início à negociação que, pretendiam os representantes dos trabalhadores, se encerrasse ainda naquele ano, para que os catarinenses iniciassem o ano de 2015 já com o piso regional definido.

 

No entanto, a primeira rodada de negociação só ocorreu no dia 1º de dezembro de 2014, dia em que a proposta dos empresários ficou tão aquém das reivindicações apresentadas, que não foi nem considerada uma negociação efetiva: “Vamos chamar o encontro de hoje de um ‘aquecimento’ para que, na próxima reunião, se possa efetivamente estabelecer a negociação que culmine num índice justo de reajuste para o Piso Salarial Estadual em 2015”, disse, à época, o coordenador sindical do Dieese-SC, Ivo Castanheira, também diretor da FECESC (Federação dos Comerciários).

 

A segunda rodada de negociação, realizada no dia 16 de dezembro, também frustrou os trabalhadores, pois os empresários acenavam com um reajuste de 7%, diante de uma inflação estimada em 6,21% para este ano. Assim, a decisão acabou transferida para o ano seguinte e a terceira rodada de negociação foi marcada para o dia 8 de janeiro de 2015.

 

Para a terceira rodada de negociação, mudou o ano mas não mudou a intransigência dos representantes do setor empresarial, que acenaram com um índice de 7,5%, ou seja, meio ponto percentual de avanço em sua proposta de reajuste. A esta altura, a proposta inicial dos trabalhadores, de 15% de reajuste, já havia alcançado os 11,5%, e o debate na mesa girava principalmente em torno da diferença de visão e interpretação dos trabalhadores e dos empresários em relação à conjuntura econômica do estado e do país.

 

O supervisor técnico do Dieese-SC, José Álvaro de Lima Cardoso, que assessorou os representantes dos trabalhadores durante a negociação, defendeu que, a exemplo do que ocorre com o salário mínimo, “o incremento de massa salarial proporcionado pelos novos valores dos pisos é direcionado ao consumo dos artigos de primeira necessidade nas áreas do vestuário, alimentos e transporte, fortalecendo toda a economia catarinense” e que, portanto, “a valorização do Piso Salarial Estadual não só é importante para empresários e trabalhadores, como para a sociedade catarinense como um todo”.

 

A quarta rodada de negociação entre os representantes dos trabalhadores e empresários, realizada no dia 30 de janeiro, foi definitiva: um acordo definiu que a primeira faixa salarial do Piso passará em 2015 para R$ 908,00; a segunda faixa para R$ 943,00; a terceira faixa para R$ 994,00; e a quarta faixa para R$ 1.042,00. Na avaliação do coordenador sindical do Dieese-SC, Ivo Castanheira, “não foi o resultado esperado para os representantes dos trabalhadores, numa negociação difícil, mas com um resultado que pode ser considerado positivo ao avaliar que acompanhou o reajuste do salário mínimo”.

 

Vencida a etapa de negociação, que ocorreu pelo quinto ano consecutivo – Santa Catarina é o único estado do Brasil onde o piso é definido através do processo negocial e não através de decisão do Executivo estadual – a próxima etapa foi a entrega do Termo de Acordo assinado ao governador Raimundo Colombo. Para isso, novamente representantes dos empresários e dos trabalhadores estiveram no Centro Administrativo, no dia 5 de março, para a entrega da proposta que seria transformada pelo governador em Projeto de Lei a ser encaminhado para a aprovação dos deputados na Assembleia Legislativa. Na ocasião, Colombo se declarou otimista em relação à economia e afirmou que: “Em Santa Catarina houve um bom movimento no setor turístico no verão e carnaval, o estado terá uma grande safra agrícola e o setor cerâmico e mesmo o têxtil esboçam uma reação diante da política cambial, portanto, temos um quadro positivo que não aparece na imprensa: só aparece o que está dando errado, não mostram o que está dando certo”.

 

Etapa de tramitação na ALESC foi acompanhada de perto pelos trabalhadores

 

A partir do momento em que o Projeto de Lei Complementar (PLC) para reajuste do Piso Salarial Estadual foi enviado pelo Executivo ao Legislativo, os representantes do Dieese, Centrais Sindicais e Federações dos Trabalhadores iniciaram uma série de visitas aos gabinetes para solicitar dos parlamentares, principalmente os líderes das Comissões por onde o PLC teria que tramitar, a prioridade para que o processo fosse o mais célere possível. Assim, no dia 17 de março o projeto foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça e no dia seguinte, pela manhã, foi analisado e aprovado nas comissões de Finanças e Tributação e de Trabalho, Administração e Serviço Público.

 

Finalmente, no mesmo dia 18 de março, à tarde, o PLC do Piso Salarial Estadual foi apresentado para votação em Plenário e aprovado pela unanimidade dos 34 deputados presentes.

 

 

O próximo e último passo previsto em Lei é a sanção do governador, que ocorreu neste dia 27 de março. O reajuste é retroativo a janeiro de 2015 e, além de recuperar o poder de compra, significou a valorização do Piso Salarial Estadual, com ganho real. Veja na tabela preparada pelo Dieese as variações em cada faixa do Piso:

 

 

Piso em 2014 (R$)

Piso negociado (R$)

Reajuste nominal (%)

Ganho Real* (%)

Primeira faixa

835,00

908,00

8,74

2,37

Segunda faixa

867,00

943,00

8,77

2,39

Terceira faixa

912,00

994,00

8,99

2,60

Quarta faixa

957,00

1.042,00

8,88

2,50

* Percentual acima do INPC, que foi de 6,23%.

Fonte: Dieese

 

Conheça as categorias abrangidas por cada faixa do Piso:

 

Primeira faixa: R$ 908

·         Na agricultura e na pecuária;

·         Nas indústrias extrativas e beneficiamento;

·         Em empresas de pesca e aquicultura;

·         Empregados domésticos;

·         Em turismo e hospitalidade; (Redação da alínea revogada pela LPC 551/11).

·         Nas indústrias da construção civil;

·         Nas indústrias de instrumentos musicais e brinquedos;

·         Em estabelecimentos hípicos; e

·         Empregados motociclistas, motoboys, e do transporte em geral, excetuando-se os motoristas.

 

Segunda faixa: R$ 943

·         Nas indústrias do vestuário e calçado;

·         Nas indústrias de fiação e tecelagem;

·         Nas indústrias de artefatos de couro;

·         Nas indústrias do papel, papelão e cortiça;

·         Em empresas distribuidoras e vendedoras de jornais e revistas e empregados em bancas, vendedores ambulantes de jornais e revistas;

·         Empregados da administração das empresas proprietárias de jornais e revistas;

·         Empregados em empresas de comunicações e telemarketing; e

·         Nas indústrias do mobiliário.

 

Terceira faixa: R$ 994

·         Nas indústrias químicas e farmacêuticas;

·         Nas indústrias cinematográficas;

·         Nas indústrias da alimentação;

·         Empregados no comércio em geral; e

·         Empregados de agentes autônomos do comércio.

 

Quarta faixa: R$ 1,042 mil

·         Nas indústrias metalúrgicas, mecânicas e de material elétrico;

·         Nas indústrias gráficas;

·         Nas indústrias de vidros, cristais, espelhos, cerâmica de louça e porcelana;

·         Nas indústrias de artefatos de borracha;

·         Em empresas de seguros privados e capitalização e de agentes autônomos de seguros privados e de crédito;

·         Em edifícios e condomínios residenciais, comerciais e similares, em turismo e hospitalidade;

·         Nas indústrias de joalheria e lapidação de pedras preciosas;

·         Auxiliares em administração escolar (empregados de estabelecimentos de ensino);

·         Empregados em estabelecimento de cultura;

·         Empregados em processamento de dados; e

·         Empregados motoristas do transporte em geral.

·         Empregados em estabelecimentos de serviços de saúde.