Florianópolis entre as capitais com a cesta básica mais cara do país
Neste cenário de altas de preços e morando na cidade com um dos maiores preços dos alimentos, os bancários da Grande Florianópolis se preparam para a Campanha Nacional que lutará pela valorização da categoria
Publicado: 19 Abril, 2022 - 17h37
Escrito por: Silvia Medeiros (Sintrafi Florianópolis)
Em pesquisa Nacional de Alimentos realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – DIEESE, Florianópolis segue no topo das capitais com a cesta básica mais cara do país, com um valor de R$745,47 para compra de alimentos, a capital catarinense fica atrás apenas de São Paulo que tem o custo de R$761,19, seguido do Rio de Janeiro com R$750,71.
De acordo com o economista do DIEESE/SC, Mauricio Mulinari, para avaliar esta alta é necessário fazer uma reflexão do impacto dos últimos aumentos, como dos combustíveis que afeta diretamente no preço dos alimentos, mas também avaliar as mudanças no modo de produção no país e na falta de políticas públicas aos pequenos e médios agricultores que produzem a comida que vai à mesa.
“Atualmente temos políticas direcionadas para as grandes indústrias, é tanto incentivo fiscal que um alimento processado como os enlatados, hoje sai mais barato do que um pacote de feijão”, explica Mulinari. Para o economista, essa alteração muda os padrões de alimentação da população e prejudica os pequenos agricultores que sofrem com a falta de políticas públicas direcionadas à produção de alimentos.
Outro ponto questionado pelo economista é a abertura do capital monopolista no Brasil que prejudica os produtores locais que não tem tanto incentivo como as produções de outros países. Um exemplo citado por Mulinari é a produção do leite, que hoje tem o mercado aberto para o comércio francês. “Não adianta o governo estadual alterar o ICMS do produto, isso gera um impacto pequeno que chega menor ainda ao pequeno produtor que é responsável lá na ponta pela produção do leite. Ou temos uma política séria voltada à valorização de quem produz alimentos no país, ou seguiremos sofrendo com a alta de preços de alimentação”, destaca o economista.
Com todo este cenário, Florianópolis ainda tem mais outros agravantes que faz com que a capital esteja entre as cestas básicas mais caras do país, deixando para trás metrópoles como Porto Alegre e Curitiba. Segundo Mulinari, Florianópolis concentra três características que fazem a capital catarinense sempre oscilar no topo dos alimentos mais caros. “Floripa é uma cidade de grande bolsão de especulação imobiliária, que faz com que agricultores saiam da ilha para dar espaço aos grandes empreendimentos imobiliários. Além disso a capital tem atraído cada vez mais pessoas de renda elevada, que pressionam o preço dos alimentos na cidade. o terceiro ponto é o crescente número de redes de hipermercados que fazem extinguir os comércios locais e que centralizam a definição de preços dos alimentos”, enfatiza o economista.
Neste cenário de altas de preços e morando na cidade com um dos maiores preços dos alimentos, os bancários da Grande Florianópolis se preparam para a Campanha Nacional que lutará pela valorização da categoria e pela garantia de um reajuste que garanta o poder de compra. Segundo Mulinari, além de uma Campanha forte que garanta essa valorização, é necessário o olhar atento de todos os trabalhadores para as eleições deste ano que vão definir os rumos do país e escolher quem determinará a economia do país nos próximos quatro anos.