Escrito por: Sandra Werle
O evento reuniu dirigentes da Federação e Sindicatos filiados, além de convidados. Foram 83 inscrições para a programação do dia todo na sexta-feira, 26 de junho
A 75ª Plenária Estadual dos Trabalhadores no Comércio no Estado de Santa Catarina foi a primeira experiência de plenária online na história da FECESC, motivada pelo enfrentamento da pandemia do novo coronavírus, que exige distanciamento social para diminuição o contágio, conforme medidas da Organização Mundial da Saúde (OMS). O evento reuniu dirigentes da Federação e Sindicatos filiados, além de convidados. Foram 83 inscrições para a programação do dia todo na sexta-feira, 26 de junho de 2020, entre dirigentes de todos os sindicatos filiados, convidados e palestrantes.
O palestrante da manhã foi o ex-ministro do governo Lula, José Dirceu, que em sua exposição falou sobre Conjuntura Nacional. Ele lembrou que o Brasil apresenta a 2ª concentração econômica do mundo: “O Brasil é rico, mas 17 milhões de residências brasileiras não tem renda. O Brasil é reconhecido como potência tecnológica, é soberano de energia eólica, tem um dos maiores mercados internos do mundo. Um país que, não fosse a concentração de renda, se desenvolveria por 20 anos só para responder a demanda interna. É uma coisa escandalosa, esse país que poderia crescer estar nessa situação”. Para Zé Dirceu, o que está em risco hoje é a democracia e Bolsonaro é a principal ameaça. Mas lembrou também que nesse país a classe trabalhadora sempre lutou, “Fomos nós, trabalhadores, que conquistamos cada direito, que outro país da América Latina tem SUS, as universidades que temos? Tudo isso está em jogo”, afirmou. Para o palestrante, a esquerda deve discutir menos se constrói frente ampla, frente de esquerda ou outras frentes e deve partir para a ação social, de solidariedade, presente nos bairros e comunidades, e marcar sua presença nas redes, com atos simbólicos da resistência.
À tarde o Presidente do PT-SC e ex-candidato a governador do estado Décio Lima falou sobre o processo eleitoral 2020 e iniciou sua explanação observando a importância da tecnologia que estava sendo usada para a realização da Plenária Estadual da FECESC: “O que eu quero dizer nesse começo de fala é que esta tecnologia que estamos usando aqui veio pra ficar, o novo é o tecnológico, não é o analógico. Estas ferramentas são imprescindíveis nesse momento, esse mundo digital não tem mais volta e temos que aprender a usá-lo, cada vez mais”. Décio Lima falou sobre os vários desafios colocados para a esquerda nas eleições municipais de 2020 e foi bastante otimista em relação aos resultados esperados. Para o presidente do PT de Santa Catarina, numa conjuntura complexa como a atual, se revelam os fortes, aqueles que têm os valores como essência. “O governo de Bolsonaro rouba a cena de tudo que é perverso na política, no Brasil e no mundo. Nós somos a alternativa somos aqueles que se preocupam de fato com a vida, a esquerda precisa se apropriar desse processo de solidariedade”, afirmou o palestrante.
O terceiro tema de análise proposto pela 75ª Plenária foi a Conjuntura Econômica, que foi exposta pelo economista Maurício Mulinari, técnico do Dieese da subseção da FECESC. Ele apontou que os temas saúde e emprego, que têm a ver com a vida, serão os temas centrais em 2020, diante de uma conjuntura econômica terrível: “Não vivíamos crise como esta desde o período da ditadura. Esta crise não é fruto apenas da pandemia, ela agravou o que já estava em curso. Antes da epidemia o desemprego já crescia, com medidas como a reforma trabalhista, previdenciária e outras”, afirmou Mulinari. “O avião já estava em queda livre, aí a epidemia veio e arrebentou o último motor que ainda estava funcionando”, comparou. Para o economista, o governo Bolsonaro optou estrategicamente por matar milhares de brasileiros, com objetivo de reduzir a população mis vulnerável. Entre os dados apresentados, apontou que quase 18 milhões de pessoas no Brasil não estão mais procurando empregos e que o desemprego saltou de 12 milhões para 28 milhões em questão de 2 meses. Na opinião de Mulinari, A epidemia vai ajudar a implementar o que o capitalismo estava querendo implementar há muito tempo e estava sendo contido, como o trabalho remoto, as novas formas tecnológicas de emprego e a desregulamentação total.
Os delegados à Plenária também realizaram a apreciação do Balanço Financeiro da Federação, cumprindo definição estatutária, e o processo foi coordenado pelo diretor da Executiva Ivo Castanheira e pelos integrantes do Conselho Fiscal.
O presidente da Contracs-CUT, Julimar Roberto; o secretário de Administração e Finanças da Confederação, Eliezer Gomes; e a presidenta da CUT-SC Anna Julia Rodrigues estiveram entre os convidados da plenária. Tanto eles quanto os dirigentes sindicais que fizeram uso da palavra avaliaram a iniciativa da Plenária por videoconferência como uma experiência altamente positiva. O presidente da FECESC Francisco Alano, ao final dos trabalhos, destacou que a participação foi alta, com os acessos se mantendo ao longo de todo o dia e as pessoas tendo oportunidade de participar a partir de suas casas ou das sedes dos Sindicatos, em todas as regiões.