Escrito por: ETHCI/ESCOLA 7 DE OUTUBRO

Escolas da CUT debatem consciência negra

Escolas da Rede Nacional de Formação da CUT discutiram o combate ao racismo antinegro no Brasil com a participação da CUT-SC e Secretaria de Educação do Estado da Bahia, em Florianópolis

No mês da Consciência Negra, a Escola de Turismo e Hotelaria Canto da Ilha (ETHCI/CUT) promoveu atividade coletiva, juntamente com a Escola Sindical 7 de Outubro da CUT,  para problematizar o tema “Educação, Trabalho e Questão Racial: Desafios e Conquistas”, ontem à noite (06/11).

A roda de conversa contou com a presidenta da CUT Santa Catarina, Anna Julia Rodrigues, com o coordenador de políticas educacionais para a juventude da Secretaria de Educação da Bahia, Jocivaldo Bispo da Conceição dos Anjos, e com o formador da Escola Sindical 7 de Outubro, Emanoel Sobrinho (Belo Horizonte/MG).

Estudantes dos cursos FIC de Informática Básica e Internet, Comunicação e Cultura: Língua Espanhola e Gastronomia e Identidade Cultural da ETHCI/CUT, sindicalistas, Escola Sindical Sul, UDESC e comunidade local participaram dos debates. A roda de conversa foi conduzida por Rosana Myiashiro, coordenadora pedagógica da ETHCI/CUT, que abriu os trabalhos com o documentário sobre a consciência negra produzido pela equipe da Escola.

Para Anna Julia, o impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff representou um golpe para os avanços conquistados em políticas de reparação racial no Brasil. “A Emenda Constitucional 95 prejudica o acesso da população negra às políticas de educação e saúde, assim como a Reforma Trabalhista precarizou mais ainda a participação dos negros no mercado de trabalho”, enfatizou Anna Julia.

Ao relatar a atuação da Secretaria de Educação do Estado da Bahia, em nome do secretário Jerônimo Rodrigues, Jocivaldo dos Anjos mencionou o desafio de um jovem negro e quilombola atuar como gestor público responsável por coordenar políticas e programas para mais de um milhão de jovens baianos. Para ele, atuar numa estrutura de tomada de decisões políticas exige a consciência de que se deve fazer políticas públicas para garantir direitos para a maioria da população, e a maioria dos jovens baianos são negros e da classe trabalhadora.

Emanoel Sobrinho abordou a problemática do racismo estrutural antinegro enquanto herança nefasta da colonização europeia e que se perpetuou na formação dos estados nacionais, sobretudo na América Latina. Por exemplo, o Estado brasileiro foi edificado pela elite da aristocracia agrária branca para concentrar terras e riquezas nas mãos de poucas famílias, sem abrir mão do negócio lucrativo da escravização de negros e do tráfico de escravizados. A necropolítica é a forma atual das classes dominantes usarem o poder de soberania do Estado para decidir quem vive e quem morre, quem deve estar livre e quem deve ser encarcerado, como aponta o filósofo camaronês Achille Mbembe.

Foi um momento importante de tomada de consciência e reflexão sobre a temática por grande parte do público participante e certamente enriquecerá as elaborações dos trabalhos de encerramento dos três cursos, que contarão com a abordagem do tema integrando os conhecimentos técnicos em cada área profissional, como preconiza a proposta pedagógica de Educação Integral dos Trabalhadores.

Houve no encerramento da atividade uma confraternização com um lanche coletivo com os participantes.