Entre ataques e conquistas: 2025 deixa lições e aponta os desafios da luta em 2026
Cada avanço foi resultado de mobilização, organização e pressão popular. E cada ataque aos direitos teve nome, voto e responsabilidade política.
Publicado: 18 Dezembro, 2025 - 10h24
Escrito por: CUT-SC
O fim de ano costuma ser tempo de balanço, de olhar para trás e planejar os próximos passos. Para a classe trabalhadora, 2025 deixa uma lição clara: nada veio de graça. Cada avanço foi resultado de mobilização, organização e pressão popular. E cada ataque aos direitos teve nome, voto e responsabilidade política.
Ao longo do ano, o Congresso Nacional foi palco de disputas decisivas para o presente e o futuro do povo brasileiro. Em várias votações, deputados federais de Santa Catarina se posicionaram contra os interesses da população, votando a favor de projetos que aprofundam desigualdades, fragilizam direitos e enfraquecem a democracia.
Entre os episódios mais emblemáticos está a derrubada da Medida Provisória que aumentava a tributação sobre bancos, empresas de apostas (bets) e grandes fortunas. Em vez de cobrar mais de quem lucra bilhões, a maioria da Câmara optou por proteger os super-ricos e manter a injustiça tributária que penaliza trabalhadores e trabalhadoras.
Outro grave retrocesso foi o voto favorável de parlamentares catarinenses ao chamado PL da Devastação, que flexibiliza o licenciamento ambiental. Ao enfraquecer regras de proteção, o projeto expõe comunidades inteiras a riscos ambientais, ameaça a saúde pública e coloca em perigo a vida de trabalhadores e trabalhadoras, especialmente nas regiões mais vulneráveis.
Também merece destaque o PL da Dosimetria, aprovado com votos de deputados de Santa Catarina. O projeto altera regras penais e pode beneficiar envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, representando um ataque direto à democracia e ao Estado de Direito. Na mesma linha, a PEC da Blindagem, apoiada pela maioria da bancada catarinense, busca proteger parlamentares de responsabilizações, aprofundando a distância entre a política institucional e o povo.
Essas votações não foram casos isolados. Elas revelam um projeto de país que protege privilégios, fragiliza direitos e tenta naturalizar retrocessos. Por isso, a memória política é uma ferramenta fundamental da luta sindical e popular. O povo precisa saber quem votou contra seus interesses e cobrar coerência e compromisso.
Mas 2025 não foi apenas um ano de ataques. Foi, sobretudo, um ano de resistência e conquistas. Graças à mobilização da classe trabalhadora, marchas, atos e pressão permanente sobre o Congresso, importantes avanços foram garantidos. A principal vitória foi a aprovação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, uma conquista histórica que alivia o bolso de milhões de trabalhadores e corrige, ainda que parcialmente, a injustiça do sistema tributário brasileiro.
Também avançou a política de valorização do salário mínimo, houve a retomada do diálogo social e o fortalecimento de políticas públicas essenciais, após anos de desmontes. Cada uma dessas conquistas tem uma marca em comum: a luta organizada.
O balanço de 2025 deixa claro que, quando o povo se organiza, é possível barrar retrocessos e conquistar direitos. Mas também aponta que os desafios de 2026 são grandes. A CUT-SC seguirá mobilizada para avançar em pautas centrais para a vida de quem vive do trabalho, como a redução da jornada de trabalho sem redução de salário e o fim da escala 6x1, uma das formas mais perversas de exploração da força de trabalho no Brasil.
Outro desafio central para o próximo período é enterrar de vez a Reforma Administrativa, agora materializada na PEC 38/2025. Apresentada como modernização do Estado, a proposta representa, na prática, um ataque frontal aos serviços públicos e aos direitos de servidores e servidoras, além de comprometer o atendimento à população.
Além disso, será fundamental fortalecer a defesa da democracia, ampliar a justiça tributária e eleger representantes comprometidos com os interesses da classe trabalhadora. Em 2026, mais do que nunca, o voto precisa ter memória.
Perdoar pode ser uma escolha pessoal. Esquecer quem vota contra o povo trabalhador, não. A CUT-SC seguirá cumprindo seu papel histórico: organizar, mobilizar e lutar por um projeto de país mais justo, democrático e solidário.