Escrito por: CUT-SC
CUT-SC repudia pronunciamento de Jair Bolsonaro e cobra do governador Moisés reforço nas medidas de proteção aos catarinenses
A CUT-SC divulgou uma nota pública repudiando o discurso de Bolsonaro da noite dessa terça-feira (24) e cobrou que o governador do Estado, Carlos Moisés, não ceda a pressão dos empresários e sindicatos patronais e continue colocando a vida dos catarinenses acima da economia.
Leia a nota na íntegra:
NOTA PELA VIDA
Foi com grande perplexidade que a CUT/SC recebeu o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro, alçando a economia a um patamar acima do direito à vida, flexibilizando o combate a proliferação do COVID-19 no território nacional em sua totalidade, o que flagrantemente refuta a ciência, as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), do Ministério da Saúde e o esforço mundial em manter o isolamento social, única medida eficaz e comprovada no combate à pandemia do Coronavírus.
Os argumentos por ele apresentados na priorização de índices econômicos e o lucro de grandes empresas, além de desumano, concretiza a verdadeira face de um modelo gestacional colocado em prática no Brasil, com cunho fortemente voltado a políticas de privilégios aos mais abastados e concentradores de renda desse país. Pior, demostra a falta de sintonia de um governo que anuncia medidas que contrariam as próprias orientações do seu ministro da Saúde.
Pedir a reabertura de escolas, comércio, empresas, entre outros, é de caráter irresponsável e vai na contramão de ações humanitárias mundiais, como as anunciadas pela ONU e OMS, que preveem, inclusive, auxílio financeiro àqueles/as mais necessitados. Pior, é aumenta o fosso entre as classes sociais brasileiras, dessa vez determinando quem vive ou morre.
A CUT/SC, do alto da sua responsabilidade política na defesa da classe trabalhadora, lamenta e repudia o fato do governo federal não buscar outras alternativas para a garantia do emprego, como, por exemplo, revogar a medida que destina R$ 1,2 trilhões no pacote de ajuda aos bancos, assim como a Emenda Constitucional 95, que congelou gastos em áreas de políticas públicas transversais, dentre elas o setor da Saúde.
O momento atual requer gestores que compreendam a gravidade da situação pela qual o mundo atravessa. Medidas paliativas e populistas em nada amenizarão o sofrimento e o estado de calamidade pública. E esse é o teor da medida que o governo federal anunciou na “ajuda” de R$ 200,00 pelos próximos quatro meses aos/às trabalhadores informais e desempregados. Seria possível uma família se manter com míseros R$ 200,00?
Por outro lado, acreditamos que o governador do Estado de Santa Catarina, Carlos Moisés, acertou em não seguir por completo as orientações e posturas de Bolsonaro e Paulo Guedes, quando decretou estado de calamidade pública e determinou o fechamento do comércio e dos serviços não essenciais. Esperamos que Moisés continue pensando na vida dos catarinenses em suas ações e não ceda à pressão dos sindicatos patronais e dos empresários para reabrir os locais de trabalho. Se Santa Catarina é exemplo no país em crescimento econômico é graças ao trabalho e esforço dos trabalhadores catarinenses.
Neste momento emergencial de risco à população, precisamos que o governo estadual pense em medidas para proteger os catarinenses e fortalecer a saúde pública, que será essencial para enfrentarmos este momento. É urgente também que Moisés apresente medidas para atender a população mais vulnerável, que, mais do que nunca, precisa da contrapartida do Estado para não morrer de fome, seja por meio de cestas básicas ou auxílio na renda destas pessoas.
Exigimos ainda o compromisso do governo estadual em não penalizar os servidores públicos, mantendo o emprego e o salário integral de todos, inclusive dos servidores contratados em caráter temporário. Além disso, é preciso garantir a proteção dos trabalhadores em saúde, que estão na linha de frente na batalha contra o vírus, reforçando a oferta de equipamentos de proteção individual, como máscaras e álcool gel, e o cumprimento das normas de segurança no combate ao coronavírus.
A CUT/SC reafirma seu compromisso na luta pela vida, por um SUS fortalecido e com recursos. Qualquer ação que não tenha como pressuposto esses princípios, prestará um desserviço à população
SUGERIMOS, ALÉM DA QUARENTENA SOCIAL, UM ISOLAMENTO VERBAL DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA, UMA VEZ QUE O SEU ISOLAMENTO POLÍTICO JÁ É UM FATO!