Escrito por: Pricila Baade
Encontro em Criciúma reuniu representantes de sindicatos da regional sul da CUT para debater sobre as mudanças no mundo do trabalho e os desafios para o movimento sindical
As mudanças no mundo do trabalho ocasionadas pela 4ª Revolução Industrial e os desafios que isso traz ao movimento sindical foram temas de debate durante toda a manhã dessa terça-feira (19), em Criciúma. A discussão sobre o assunto aconteceu durante a primeira etapa local de Santa Catarina da 4ª Conferência Nacional de Formação da CUT, que reuniu integrantes de diversos sindicatos da regional sul da CUT-SC.
O encontro foi coordenado pelo formador da Escola Sul, Rafael Serrao, que iniciou relembrando o período em que aconteceram as três últimas conferências nacionais de formação da CUT: a primeira em 1999, a segunda em 2002 e a terceira em 2006 “Todas as conferências aconteceram em momentos muito marcantes da história, que obrigaram a nossa central a criar novas formar de organizações sindicais e de formação dos dirigentes”.
Rafael explicou que a organização da 4ª Conferência acontece justamente quando novas forças advindas da 4ª revolução industrial estão transformando o mundo do trabalho e precarizando direitos. “Essa revolução é resumida pelo avanço da inteligência artificial em todos os setores. Não é algo que está por vir, mas sim, algo que já acontece há pelo menos dez anos, com mais intensidade nos últimos anos e que irá afetar todas as categorias de trabalhadores”.
Após apresentar um vídeo que mostrava como o avanço da tecnologia iria modificar todas as áreas – desde a indústria e meios de transporte, até a saúde e educação – os participantes comentaram sobre como a indústria 4.0 iria afetar o movimento sindical. A presidente do Siserp, Jucélia Vargas, acredita que a formação tem um papel fundamental no momento que estamos vivendo “As estratégias de formação da CUT terão que dar conta de preparar os dirigentes sindicais para enfrentarem a retirada de direitos, a dificuldade do financiamento dos sindicatos e a nova revolução industrial que está avançando. Por mais atuante que um sindicato seja é preciso que todos se modernizem, porque esse avanço da tecnologia vai afetar todas as categorias”.
Gisele Vargas, do Sinpaaet, comentou sobre a necessidade urgente dos sindicatos se atualizarem para darem conta das mudanças que a revolução industrial trouxe “Temos que saber que isso não é algo exclusivo da indústria, como a maioria pensa, vai impactar diretamente na educação, na saúde, em todos os setores. E como vai ser a ação do movimento sindical? Nós ainda estamos entregando panfletos e dividindo nossos sindicatos por categorias”.
Coletivamente, os participantes debateram sobre os principais eixos que devem orientar a política nacional de formação da CUT e definiram os três principais. O primeiro eixo definido foi a importância de organizar uma nova prática sindical, para modernizar os dirigentes diante desta nova realidade para que consigam representar as categorias que estão surgindo. Os outros dois pontos vistos como essenciais são a elaboração de uma política de formação e inserção da juventude, com o objetivo de empoderar jovens para que se tornem líderes do movimento sindical; e a necessidade de repensar a comunicação e o uso da tecnologia nos sindicatos.
Foram escolhidos cinco delegados para participarem da etapa estadual da Conferência, representando o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina (Sinte) , o Sindicato dos Professores e Auxiliares de Administração Escolar de Tubarão (Sinpaaet), o Sindicato dos Metalúrgicos de Criciúma, o Sindicato dos Trabalhadores na Indústrias da Alimentação de Criciúma e Região e o Sindisaúde de Criciúma.