Escrito por: Assessoria de Imprensa do Sindicato dos Metalúrgicos de Blumenau

Criada rede sindical de internacional dos trabalhadores na metalúrgica WEG

Encontro aconteceu em Blumenau - SC e reuniu dirigentes dos ramos dos químicos, metalúrgicos e da CUT

Encontro reuniu representante do Departamento dos MetalDirigentes sindicais dos trabalhadores metalúrgicos e químicos filiados à CUT (Central Única dos Trabalhadores), em quatro estados, formalizaram dia 5 de agosto, no Sindicato dos Metalúrgicos de Blumenau, a criação da Rede Sindical dos Trabalhadores na Weg. A experiência já foi adotada com sucesso em outras empresas multinacionais, a exemplo da Basf, Brasquem, Gerdau, Vale e Petrobras e o objetivo é traçar estratégias de ação sindical diante da globalização e diminuir as desigualdades existentes nas relações de trabalho em cada fábrica de uma mesma empresa, em diferentes estados e países.

Este Projeto de Rede Sindical é uma parceria entre a DGB Bildungswerk, maior Central Sindical de Trabalhadores da Alemanha e uma das maiores do mundo, a CUT e o Instituto Observatório Social (IOS), com apoio das Confederações Nacionais dos Metalúrgicos (CNM) e dos Químicos (CNQ) da CUT. No dia 19 deste mês deve ser escolhida a coordenação nacional da Rede Sindical dos Trabalhadores na Weg, que será responsável pela execução do plano de ação. A intenção do grupo é ampliar a participação na Rede com presença de Sindicatos filiados às outras centrais sindicais, no país, onde também existam plantas da Weg.

50 mil trabalhadores até 2020 - A Weg foi fundada em 1961. Possui 26 plantas no mundo, sendo 17 no Brasil e outras nove espalhadas pelos demais continentes (Ásia, Europa, Américas do Sul e do Norte). O faturamento saltou de R$ 3,5 bilhões, em 2006, para R$ 5,2 bilhões, em 2010, diante de uma receita de R$ 6 bilhões. A previsão de faturamento, em 2013, é de R$ 7 bilhões, o que representaria um crescimento de 10% no ano. Em 1994, eram 21 mil trabalhadores contratados; no ano passado, esse número chegava a 26 mil e a previsão, até 2020, é de atingir 50 mil trabalhadores em todas as plantas. Somente em Jaraguá do Sul, onde está localizada a matriz, a empresa possui hoje 15 mil trabalhadores.

Padrão nacional - "As Redes são uma estratégia de organização sindical que vem crescendo em função da própria globalização do capital", explica a representante da DGB, Flávia Cristina Costa Silva. Ela afirma que a precarização das condições de trabalho está espalhada pelo mundo: "Os trabalhadores de uma mesma empresa executam as mesmas funções em diferentes plantas mas os benefícios e direitos são desiguais. Vamos fazer o mapeamento de como está o trabalhador da Weg no Brasil e no mundo, a sua participação nos lucros, o salário e outros direitos, estabelecer um diálogo respeitoso, produtivo e permanente com a empresa e criar um padrão nacional", afirma Flávia, lembrando que "muitas vezes as empresas têm um discurso social, mas a prática é outra". Já o Instituto Observatório Social (IOS) está inserido no projeto da DGB especificamente para capacitar os dirigentes e prepará-los para o mundo sindical. A representante do Instituto, Sheila Fernandes, explica que o IOS debate com os dirigentes "temas como negociação, globalização, diálogo social, que visam à geração de conhecimento e pesquisas sobre o mundo do trabalho".

Globalização da economia  - O secretário de relações internacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores Químicos (CNQ) e diretor do Sindicato dos Químicos do ABC, Fábio Augusto Lins, considera que as Redes representam a autorreforma do movimento sindical: "Toda vez que criamos alianças fortalecemos a nossa ação sindical e, com isso, enfrentamos os desafios externos, a conjuntura, a crise econômica e as multinacionais de uma forma mais coesa e solidária", afirma. Para o dirigente da CNQ, a Rede Sindical recém-criada "trará bastante frutos para os trabalhadores da NA Weg, não só no Brasil mas, por ser uma multinacional brasileira, será uma rede de solidariedade também para os trabalhadores na América do Sul e mundo afora". A constituição de redes de trabalhadores é "um caminho sem volta", devido à globalização da economia, às concentrações de capitais através de novas fusões e aquisições: "O Brasil tem desnacionalizado as suas empresas. Enquanto trabalhadores, não nos resta outro caminho, é importante utilizar as novas tecnologias de informação e manter essa Rede, para promovermos o trabalho decente em qualquer local que a empresa instale a sua produção".

Melhor salário e condições de trabalho - O secretário geral e de relações internacionais da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM), João Cayres, entende que, a partir do momento da consolidação da Rede Sindical dos Trabalhadores na Weg, no Brasil, será intensificada a relação com os demais trabalhadores da multinacional. "Vamos contatar representantes da empresa em vários locais do país e em várias plantas para poder melhorar os níveis de salário e condições de trabalho e saúde", adianta. "Através da CNM, já começamos a conversar com o pessoal na Argentina, México, na Índia e China", conta o dirigente.

Outras redes - "Nem sempre o Sindicato, sozinho, consegue alcançar os objetivos diante do poderio que uma empresa pode ter, e esse poderio está cristalizado nas multinacionais. A Weg é uma empresa brasileira e uma multinacional com poderio bastante gigante. É preciso somar forças entre os trabalhadores de Jaraguá do Sul e de outras plantas da Weg no Brasil e no mundo, tanto no setor metalúrgico como no químico", explica Ricardo Jacques, que integra a secretaria de relações internacionais da CUT Brasil. "Não há porque a empresa pagar salário diferenciado para trabalhadores que fazem a mesma atividade sob o argumento de que o custo de vida em determinada cidade é menor do que na outra. O produto Weg é vendido pelo mesmo preço sempre, portanto, o trabalhador tem o direito de vender sua força de trabalho pelo mesmo preço", justifica.

Bancário de profissão, o dirigente da CUT Brasil lembra que já existem redes sindicais em vários ramos de atividades. "Temos acordo no setor de serviços, no telefônico, bancário, comércio, metalúrgico e químico". No próprio Banco do Brasil já existe Rede, neste sentido: "Assinamos acordo marco global que vale para todo o continente americano e diz que o Banco do Brasil não pode interferir na organização dos trabalhadores, dentro dos princípios preconizados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT)”, conta. Nos próximos dias, O Projeto CUT/IOS/DGB-BW deve lançar a Cartilha "Caiu na Rede é Trabalhador", explicando em detalhes o funcionamento das Redes Sindicais.

Espírito Santo sedia nova filial - A próxima reunião da Rede Sindical de Trabalhadores na Weg deve acontecer dias 26 e 27 de novembro, em Linhares (ES), onde está instalada a mais nova filial da Weg Motores, com três anos de atividades e total de 2.100 trabalhadores, com meta de atingir 2.500 empregados. Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Espírito Santo, Roberto Pereira da Souza, "não é possível admitir que a Weg, uma empresa de ponta, trate seus trabalhadores com desigualdade, independente do estado ou país em que está instalada". Roberto cita exemplos de conquistas obtidas pelos trabalhadores na Weg, no Espírito Santo, e que ainda não estão asseguradas nos demais estados, como fornecimento de cesta básica, ampliação no Plano de Saúde e transporte subsidiado (trabalhador paga apenas R$ 7,00 por mês para se deslocar ao trabalho).

Presenças na Rede Weg - Estiveram presentes à reunião da Rede, em Blumenau, representantes dos Sindicatos dos Trabalhadores Metalúrgicos da Weg de Blumenau e Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, de São Bernardo do Campo (SP) e de Linhares (ES), dos Químicos de Jaraguá do Sul, do ABC e de Mauá (SP) e dos Trabalhadores Químicos de Pernambuco, além de dirigentes das Confederações Nacionais dos Metalúrgicos e dos Químicos, e Liliana Piscki Maes, metalúrgica de Joinville e Secretária de Formação da CUT de Santa Catarina.