Escrito por: CUT-SC

Coletivo de Combate ao Racismo da CUT-SC debate eleições

A reunião destacou avanços e desafios para ampliar a presença de candidatos e candidatas negras nos espaços de poder.

Na tarde desta segunda-feira, 21 de outubro, o Coletivo de Combate ao Racismo da CUT-SC realizou uma reunião virtual para discutir os resultados das eleições municipais e a representatividade das candidaturas negras. A reunião destacou avanços e desafios para ampliar a presença de candidatos e candidatas negras nos espaços de poder.

Durante a apresentação dos dados, o Secretário de Combate ao Racismo da CUT-SC, Hélio Samuel, informou que, em todo o Brasil, foram eleitos 26.789 vereadores negros (pretos e pardos), representando 45,86% do total de eleitos. O número representa um pequeno aumento em relação a 2020, quando 26.003 vereadores negros foram eleitos, correspondendo a 44,46%. Entre os eleitos, 22.739 se declaram pardos (38,93%) e 4.050 se declaram pretos (6,93%).

Em Santa Catarina, o avanço também foi registrado. Foram eleitos 52 vereadores negros, um aumento significativo em comparação com as eleições de 2020, quando apenas 41 parlamentares negros conquistaram mandatos. No campo da esquerda, o PT e o PDT elegeram três vereadores negros, sendo dois do PT (1 homem e 1 mulher) e uma mulher do PDT. A candidata negra mais votada de Santa Catarina foi Vanessa da Rosa, do PT, eleita vereadora em Joinville.

Hélio destacou a importância de quebrar os paradigmas para eleger cada vez mais negros que representem os interesses dos trabalhadores e trabalhadoras, lembrando que já houve avanços com a eleição de um presidente operário e uma presidenta mulher. "Agora precisamos trabalhar para eleger um presidente negro", afirmou.

Outro ponto preocupante discutido na reunião foi o fato de que quase 10 mil candidatos das eleições de 2024 mudaram sua raça declarada desde as eleições municipais de 2016. Desse total, 4,4 mil, que antes se declaravam negros, agora se declaram brancos, levantando questões sobre a sub-representação e o corte de recursos para candidaturas negras.

Jucélia Vargas, presidenta da Confetam e dirigente do Siserp, compartilhou sua experiência como candidata negra à vereadora em Criciúma. Ela destacou os desafios que enfrentou, como a falta de apoio e estrutura por parte dos partidos. "Só não desisto da luta porque sei que muitos antes de mim deram suas vidas para que nós, negros, pudéssemos disputar espaços de poder", afirmou Jucélia, enfatizando a necessidade de fortalecer o Coletivo de Combate ao Racismo da CUT-SC.

A reunião também marcou o início da organização de ações para o Mês da Consciência Negra, em novembro, encaminhando ações coletivas da CUT-SC com as entidades. A CUT-SC segue comprometida com a ampliação da representatividade negra e o fortalecimento da luta por igualdade racial nas instituições políticas do estado e do país.