Escrito por: CUT SC

Caso de segregação racial em creche de São Batista (SC) escancara racismo

No Núcleo Infantil Cebolinha, em São João Batista, crianças negras e brancas foram divididas em turmas separadas, reacendendo o debate sobre o racismo estrutural que persiste na sociedade brasileira

Um caso de segregação racial em uma creche de São João Batista, Santa Catarina, provocou reações e levanta questionamentos sobre a persistência do racismo na sociedade. No Núcleo Infantil Cebolinha, em São João Batista, crianças negras e brancas foram divididas em turmas separadas, reacendendo o debate sobre o racismo estrutural que persiste na sociedade brasileira. O Coletivo de Combate ao Racismo da CUT-SC emitiu uma moção de repúdio, denunciando o apartheid em tempos modernos e exigindo medidas urgentes para combater essa prática discriminatória.

Leia a moção: 

O Coletivo de Combate ao Racismo da CUT-SC manifesta seu mais veemente repúdio ao inaceitável caso de segregação racial ocorrido em uma creche em São João Batista. A divisão de turmas entre crianças negras e brancas, denunciada por um vereador, configura um ato de racismo repugnante e um retrocesso histórico que não podemos tolerar.

É inaceitável que, em pleno século XXI, ainda presenciemos cenas de apartheid em nosso estado. A tentativa da Secretaria Municipal de Educação de justificar a segregação com "problemas nas declarações de raça dos alunos" é um insulto à inteligência e um desrespeito à dignidade das crianças e suas famílias.

Este episódio não é um fato isolado, mas sim um reflexo da política racista que permeia Santa Catarina. As falas do governador, que exalta uma cidade alemã pela cor da pele de seus habitantes, revelam um pensamento discriminatório que legitima e incentiva práticas racistas em nossa sociedade.

A Lei 10.639/2003, que tornou obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas, representou um avanço importante, mas sua implementação ainda é precária e insuficiente. Passados mais de 20 anos, a lei não é cumprida em sua totalidade, o que contribui para a perpetuação do racismo e da discriminação.

É lamentável que, em pleno século XXI, ainda tenhamos que lutar contra o racismo e a segregação racial. Acreditávamos que as lições do passado, quando a escravidão e o apartheid mancharam a história da humanidade, seriam suficientes para nos guiar rumo a uma sociedade mais justa e igualitária. No entanto, a realidade nos mostra que a luta contra o racismo é uma batalha constante e que exige o engajamento de todos.

Exigimos:
Apuração rigorosa do caso e punição dos responsáveis: É fundamental que as autoridades competentes investiguem o ocorrido e punam os responsáveis por essa prática racista.

Combate ao racismo em todas as suas formas: É necessário um esforço conjunto da sociedade para combater o racismo em todas as suas manifestações, seja no ambiente escolar, no mercado de trabalho, na mídia ou em qualquer outro espaço.

Coletivo de Combate ao Racismo da CUT-SC