Escrito por: Maristela Benedet
Mobilização reúne sindicalistas dos frigoríficos de Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul na Capital catarinense neste dia 28 de abril
Um protesto une forças dos trabalhadores dos frigoríficos de Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul no mercado público de Florianópolis, nesta quinta-feira, 28 de abril, a partir das 9h30. A mobilização marca o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho e pretende mostrar a sociedade o alto custo em que os trabalhadores passam para processar as carnes comercializadas para o mercado interno e externo.
“Os frigoríficos é o setor que mais explora o trabalhador na linha de produção”, afirma Célio Elias, diretor do Sindicato da Alimentação de Criciúma e região (Sintiacr) e vereador em Forquilhinha no sul do Estado. Conforme ele, os trabalhadores são um dos mais acometidos pelas doenças do trabalho no Brasil. Dados do INSS nacional mostram que os empregados de frigoríficos, em cerca de 95%, sentem dores devido a atividade frigorífica sendo a maior causadora de adoecimentos.
Um levantamento do Ministério Público do Trabalho (MPT-SC), registrou 40 mil casos de acidentes de trabalho todos os anos no Estado. O número de trabalhadores afastados por motivos de saúde é 48% maior do que a média nacional e a atividade mais insegura continua sendo o abate de suínos, aves e outros animais. O setor abrange cerca de 100 mil trabalhadores nos frigoríficos no Estado. O procurador MPT e coordenador nacional do Projeto de Adequação das Condições do Trabalho em Frigoríficos, Sandro Sardá relata que o ritmo ainda é o principal problema pois o trabalhador chega a fazer de 70 movimentos por minuto, enquanto o nível adequado para os padrões de segurança seria de 33.
“Na nossa base de Forquilhinha são muitos os absurdos cometidos pelas empresas e, é triste ver tantos trabalhadores mutilados, lembrando como exemplo, uma trabalhadora que teve o braço amputado em 2011, (até hoje usa morfina para conter as dores), após vários anos de sofrimento e afastamento da empresa pelo intenso ritmo de trabalho” pontuou.
Em todo o Brasil, o ritmo imposto aos trabalhadores que abatem bois, porcos e galinhas é intenso. Um funcionário de frigorífico tem sete vezes mais chances de desenvolver lesões nos ossos, músculos e ligamentos, conforme número divulgado por uma tabela do INSS no cruzamento de dados de doenças e atividades econômica. A temperatura dos locais de trabalho em torno de 10ºC também agrava o problema. Por isso, avalia o sindicalista, este ato é um grito de alerta para todo o Brasil em relação a defesa dos cuidados em saúde física e mental e dos direitos desta categoria.
A NR 36 foi um avanço, mas está ameaçada – Conforme o diretor Célio, a Norma regulamentadora (NR36), dos frigoríficos foi uma conquista importante graças a pressão dos sindicatos no país sendo essencial para a redução das doenças, mas está ameaçada. “O lobby das multinacionais junto ao Governo federal quer fazer revisão da NR 36, ou seja, acabar com a mesma. Por hora, garantimos com uma liminar a suspensão da revisão, mas temos que manter a luta”, analisa o sindicalista.
Com informações e dados da Anamatra