2º dia do CECUT-SC inicia com debates sobre mundo do trabalho e avanço do fascismo
Foram duas mesas de debates para falar sobre as mudanças no mundo do trabalho e o avanço dos grupos de extrema direita no país
Publicado: 04 Setembro, 2023 - 13h50
Escrito por: Pricila Baade/CUT SC
A programação do 14º Congresso Estadual da CUT-SC na manhã deste sábado (2) começou com duas mesas de debates. A primeira foi sobre o futuro do mundo do trabalho e os desafios da organização sindical com a participação do Diretor Técnico do DIEESE, Fausto Augusto Júnior, e com a Professora Adjunta do Departamento de Sociologia e Ciência Política na UFSC e Coordenadora do Laboratório de Sociologia do Trabalho, Thaís de Souza Lapa.
Fausto em sua fala falou sobre o projeto que existe para aprovar a taxa negocial, uma nova forma de financiamento para os sindicatos que deve ser aprovada em assembleia para valer “A taxa negocial passa em assembleia, que é o que representa a expressão da classe. O que nós temos que começar a discutir o que é representatividade, se de fato os sindicatos representam os interesses das categorias”.
Thais Lapa trouxe uma reflexão sobre as verdadeira sobre as condições de trabalho que existem no estado “Santa Catarina não é o estado do pleno emprego como gostam de divulgar– tem trabalho análogo à escravidão e tem muito trabalhador sendo explorado. A média salarial pode parecer grande, mas essa média está ocultando as disparidades entre as classes e entre os gêneros”.
Em seguida, o debate foi sobre a expansão do fascismo e autoritarismo na sociedade brasileira com a participação do Professor no Departamento de História e Coordenador do Núcleo de Estudo de História, Literatura e Sociedade da UFSC e vice-presidente da Apufsc-Sindical, Adriano Luiz Duarte; e com a Secretária-Executiva do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Rita Cristina de Oliveira.
Rita, como representante do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, reforçou que é necessário o envolvimento da CUT e das entidades organizadas para derrotar o avanço da extrema direita “Esse processo de ascensão do fascismo só vai ser enfrentado se tiver um envolvimento grande da sociedade civil organizada. Só assim conseguiremos derrotar essa agenda tão nefasta e excludente que avançou nos últimos anos”.
Adriano iniciou sua fala expondo dados de Santa Catarina que revelam um pouco da violência no estado: o alto número de armas registradas, de mulheres estupradas por dia e o grande número de denúncias de injúria e racismo que acontecem que levam facilmente as pessoas a concluírem que o estado tem um aspecto fascista. No entanto, em seu debate, Adriano tenta quebrar a fala comum que no estado o avanço do nazismo é algo cultural “Fica claro que a Campanha de Nacionalização tomou novos rumos em terras catarinenses, não somente culturais, numa disputa entre brasileiros e alemães, mas sim políticos e econômicos”.
Ele explica que o hábito de descentes de alemães e italianos em Santa Catarina exaltarem a cultura europeia foi um mito criado por empresários para criar uma relação vertical e evitar que seus trabalhadores entrassem em greve. “A chave dos conflitos é a política – é o que explica a ascensão do nazifascimo em Santa Catarina”.